15/06/2008

A garrafada

Essa história do consumo de bebida alcoólica estar proibido nos metrôs e ônibus de Londres me fez lembrar de um episódio “alcoólico” que vivenciei aqui.

Estávamos eu e meu primo retornando para casa depois de uma festa, dentro de um Night Bus, os ônibus que circulam na madrugada. Em um dos pontos, subiu uma galera “cozidíssima”, como diria meu pai – ou seja, bem bêbada.

Parênteses: em Londres, se usa um cartão magnético pré-pago para andar no transporte público. Mas nem todos mantêm o cartão em dia, muitos tentam passar com o cartão vencido. Foi o que aconteceu naquela madrugada.

A turma, de uns dez pelo menos, começou a entrar e a maquininha do cartão logo acusou: “pi-pi-pi”, que significa cartão sem dinheiro. Se fosse “pi”, seria cartão ok.

Na confusão de gente entrando, era uma pipizada só. O motorista, indignado, fechou a porta. Nisso ficaram três dentro e o resto fora. E o ônibus partiu.

Os três remanescentes discutiam furiosamente com o motorista. Na parada seguinte, as portas se abrem, um deles dá um soco na janela da cabine do motorista e os três saem.

Da rua, um que usava boné joga uma garrafa numa janela grande do ônibus, que se estilhaça em pedacinhos. Ainda bem que ninguém foi atingido pelos cacos de vidro. Eu estava a uns dois bancos de distância. O alarme disparou e o ônibus parou. O motorista saiu da cabine e fez o anúncio: “Desçam e peguem o próximo”.

Foi o jeito. Um frio danado e uma espera gigante pelo próximo ônibus. Para piorar, os dez baderneiros voltaram para mesma parada em que eu estava e pegaram o mesmo ônibus. Afinal, todos iam para a mesma direção. Mas daí, tirando as conversas xaropes de bêbados, a viagem foi tranqüila.

Digo, tranqüilo eu não estava né. Fiquei imaginando aquela garrafa voando na minha cabeça, caso eu estivesse alguns bancos à frente. É... não foi café.